Assim Lhes Fazemos a Guerra, de Joseph Andras
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Revisão de Nuno Quintas. Tradução do francês de Luís Leitão. Edição da Antígona.
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«Então não sabemos como apreender esta destruição sem igual na narrativa da nossa espécie, essa febre de sangue que tem o racional a seu favor, todo o saber dos séculos ao seu serviço. Recuamos no tempo, perguntamo-nos como isso é possível, por que razão a vida continua sem se imobilizar de imediato. Os direitos do Homem, apesar de tudo, e depois a dignidade, ora. De quanta falsidade precisamos para esconder esse sangue. Toda uma sociedade que inspira e expira torrentes de líquido orgânico e depois se distende: nem consciência, nem cultura, nem emoções, nem sentimentos, nem linguagem, nem técnica, nem herança, nem ficção, apenas animais bons para comer feno, lavrar a terra, reabastecer as trincheiras em víveres e munições, receber um biscoito para dar a patinha.»