Dos Nossos Irmãos Feridos, de Joseph Andras
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Revisão de Nuno Quintas. Tradução do francês de Luís Leitão. Edição da Antígona.
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«Histórias de pesadelo. Pessoas queimadas vivas com gasolina, colheitas destruídas, corpos lançados em poços, sem mais aquelas, pegam neles e atiram‑nos fora para qualquer lado, queimam‑nos em fornos, miúdos, mulheres, todos, o exército disparou sobre tudo o que mexia para esmagar a contestação. E não era só o exército, havia também colonos e milicianos, toda aquela gente de mãos dadas, era uma dança dos diabos… A morte é uma coisa, mas a humilhação entra‑nos cá dentro, sob a pele, deposita pequenas sementes de cólera e destrói gerações inteiras; lembro‑me de uma história que me contaram, que se passou em Melbou, não há sangue, mas talvez seja pior, o sangue seca mais depressa do que a vergonha […].»