A Querela da Arte Contemporânea (Orfeu Negro, 2021)

A Querela da Arte Contemporânea, de Marc Jimenez

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Revisão de Nuno Quintas. Tradução do francês de José Alfaro. Edição da Orfeu Negro.

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«Esta crise da arte contemporânea é de facto, por vários motivos, paradoxal. O seu desencadeamento é inesperado e no mínimo tardio. Depois do cubismo, da abstracção, das vanguardas, da pop art, do minimalismo, da arte bruta, dos happenings, das instalações, etc., podia imaginar‑se que o mundo artístico se tinha tornado indiferente, em virtude da desenfreada sucessão de provocações. Pois não era suposto que os famosos ready‑mades, como a roda de bicicleta, o porta‑garrafas, a pá para a neve, o urinol, promovidos por Marcel Duchamp “à dignidade de objectos de arte”, tivessem imunizado a esfera artística contra todo o tipo de febre intempestiva? E uma tal controvérsia sobre critérios estéticos há tantas décadas declarados obsoletos não se revestirá de um aspecto anacrónico, tendo em conta as transformações ocorridas na arte ocidental desde o impressionismo?